“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” [João 17:18].
“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” [João 20:21].
Nessas duas sentenças, Jesus fez mais do que traçar um paralelo vago entre sua missão e a nossa. Precisa e deliberadamente, ele fez de sua missão um modelo para a nossa, dizendo: “assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Portanto, nossa compreensão da missão da igreja deve ser deduzida da nossa compreensão da missão do Filho. Por que e como o Pai enviou o Filho?
É claro que o propósito principal da vinda do Filho ao mundo foi singular. Talvez seja parcialmente por essa razão que os cristãos hesitam em pensar a respeito de sua missão como comparável à dele em qualquer sentido. Pois o Pai enviou o Filho para ser o Salvador do mundo, e, com esse propósito, fazer expiação pelos nossos pecados e nos dar a vida eterna [1 João 4:9-10,14]. Na verdade, ele mesmo disse que havia vindo para “buscar e salvar o perdido” [Lucas 19:10]. Não podemos copiá-lo nessas coisas. Não somos salvadores. Todavia, tudo isso ainda é uma declaração inadequada para explicar por que ele veio.
É melhor começar com algo mais geral e dizer que ele veio pra servir. Seus contemporâneos estavam familiarizados com a visão apocalíptica de Daniel sobre o Filho do Homem recebendo domínio e sendo servido por todos os povos [Daniel 7:14]. Porém, Jesus sabia que ele tinha de servir antes de ser servido e enfrentar o sofrimento antes de receber o domínio. Assim, ele fundiu duas imagens do Antigo Testamento aparentemente incompatíveis – a do Filho do Homem em Daniel, e a do Servo Sofredor em Isaías – e disse: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” [Marcos 10:45]. A oferta redentora pelo pecado era um sacrifício que somente ele poderia oferecer; isso seria o clímax de uma vida de serviço e por isso nós também devemos servir. “No meio de vós”, ele disse em outra ocasião, “eu sou como quem serve” [Lucas 22:27]. Assim, ele entregou-se a si mesmo em um serviço abnegado pelos outros e seu serviço teve uma ampla variedade de formas segundo as necessidades dos homens. Certamente ele pregou, proclamando as boas novas do reino de Deus e ensinando sobre a vinda e a natureza do reino, como entrar nele e como este reino seria espalhado. Porém, ele serviu por meio de obras, assim como por palavras, e seria impossível, no ministério de Jesus, separar suas obras de suas palavras. Ele alimentou bocas famintas, lavou pés sujos, curou os enfermos, confortou os abatidos e até ressuscitou os mortos.
Agora ele diz que nos envia como o Pai o enviou. Logo, nossa missão, com a dele, deve ser de serviço. Ele se esvaziou do status e assumiu a forma de servo; e seu espírito humilde deve estar em nós [Filipenses 2:5-8]. Ele nos fornece o modelo perfeito de serviço e envia sua igreja ao mundo para ser uma igreja serva. Não é essencial descobrirmos sua ênfase bíblica? Em muitas de nossas atitudes e empreendimentos cristãos, temos a tendência de sermos patrões em vez de servos. Contudo parece que é em nossa função como servos que encontramos a síntese correta entre evangelismo e ação social. Pois ambos deveriam ser para nós, como indubitavelmente foram para Cristo, expressões autênticas do amor que serve.
[STOTT, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno. Viçosa: Ultimato, 2010. pag. 27-29]
[o caminho]
Eu leio!
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