quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Pastor e o barbeador



Desde que foi designado a pastorear uma pequena igreja, aquele pastor já chegou intrigado justamente com o fato dela ser tão pequena, já que a mesma tinha muitos anos de fundação, ficava em um bairro nobre e que é bastante populoso. Isso realmente
não fazia sentido...

Mas aos poucos, o novo líder foi descobrindo o porquê da falta de progresso, tanto espiritual quanto numérico: ele percebeu que os membros só chegavam atrasados aos cultos; que ninguém se dispunha a trabalhar nos Ministérios; que nos cultos de oração os frequentadores eram sempre os mesmos [“dois ou três reunidos...”] e que, as pessoas dali não tinham vibração, eram crentes frios, insensíveis, indiferentes... E aquele pastor ficou deveras preocupado com tudo aquilo, precisava fazer algo, e em sua mente começou a arquitetar algo que pudesse mudar aquele quadro.

Daí, o Pastor começou a formular mensagens de encorajamento, de despertamento, de motivação... e suas mensagens realmente mexiam com o brio de qualquer um que as ouvissem, eram bastante claras, diretas e objetivas, e isso despertava a atenção de todos... Todavia, passado aqueles momentos, os seus sermões caiam num vazio, os ouvintes achavam interessantes as palavras mas não colocavam-nas em prática, e tudo voltava a funcionar como sempre... crentes retardatários, preguiçosos e inflexíveis...

Então, num domingo a noite, quando o culto é o mais concorrido, o pastor mudou totalmente a liturgia, aumentou o número de cânticos, de participações musicais, de avisos... e quando já lhe sobrava pouco tempo para a mensagem, subiu ao púlpito e ficou calado por alguns instantes, então abaixou-se e começou a pegar alguns objetos que estavam atrás da tribuna e os colocou sobre a mesma: uma bacia com água, um espelho, uma toalha, um spray de espuma e um aparelho de barbear. Nem sequer cumprimentou a igreja, e, tranquilamente, colocou água na bacia, testou a temperatura, ajeitou o espelho, passou espuma no rosto, e começou a se barbear... Gastou alguns minutos nisso, mas que pareceram uma eternidade para os presentes.

Ao final, quando todos esperavam que o pastor fosse dar um desfecho maravilhoso e que lhes fosse apontar uma "moral da história", ele simplesmente enxugou o rosto com a toalha, encerrou o culto com uma oração e despediu o povo de volta para as suas casas.

Aquela semana, que era a Semana de Oração, foi totalmente atípica. O povo se reuniu em bom número e comentou aquele fato todos os dias, tentado adivinhar o significado de tudo aquilo: “Que mensagem ele quer nos passar?”, “Qual é o simbolismo espiritual do seu barbear-se?”. Mas o pastor não compareceu em nenhum daqueles dias para desvendar o mistério, ele estava fazendo um curso à noite.

No domingo seguinte, quando enfim ele subiu novamente àquele púlpito, a igreja estava cheia, e cheios de expectativas... O pastor olhou para a congregação e disse-lhes:

- Sei que vocês querem saber o significado do que fiz aqui neste púlpito na semana passada. Bem, eu vou lhes dizer: não há significado algum! Nenhum simbolismo e
nenhum desfecho maravilhoso. Nenhuma mensagem e nenhuma "moral da história". No entanto, se podemos tirar alguma lição disto tudo, ela é a seguinte: Há meses venho apresentando para vocês a mensagem bíblica, mas não tenho visto nenhuma mudança em suas vidas. As mensagens têm caído no esquecimento, tão logo vocês saem do templo. Eu gostaria que vocês aproveitassem mais pra suas vidas o que o Senhor tem lhes falado nas pregações, e que as colocassem em prática, e que também comentassem
mais os sermões durante a semana, assim desse mesmo modo como se dispuseram a comentar o meu barbear nestes últimos dias... ou será que a minha barba é mais importante para vocês que a Palavra de Deus?

"Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios" [Efésios 5: 15]

[Colaboração de Eliane F. Silva - IEPCJ Maria Goretti]

[o caminho]
Eu leio!


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